O calvário 3ª Parte.
Entretanto, talvez você diga agora: Mas Jesus sempre sabia de
tudo. Tudo – será que Jesus realmente sabia de tudo? Ele mesmo falou certa vez
de algo que não sabia, ou seja, da hora da Sua volta: "Mas a respeito daquele dia ou
da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o
Pai" (Mc 13.32). Portanto:
isso era uma coisa que Ele não sabia. Por isso, não será que somente o próprio
Pai sabia o que o Filho realmente teria de passar na cruz; quão difícil
realmente seria a separação? Não será que o Pai tenha se calado sobre esse
assunto por causa de Seu grande amor pelo Filho?
Apesar de não sabermos a resposta, nesse contexto podemos pensar
na relação de Abraão e Isaque. Quando os dois ainda estavam a caminho do local
do sacrifício, Isaque, que não sabia de nada, perguntou ao seu pai: "Eis o fogo e a lenha, mas
onde está o cordeiro para o holocausto?" (Gn 22.7b). O que Abraão respondeu a Isaque? Lemos
em Gênesis 22.8a:"Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o
holocausto". Isaque
sabia, portanto, do sacrifício, mas não sabia da terrível verdade de que ele
deveria ser a vítima.
Jesus Cristo sabia do Calvário. Ele sabia que seria o Cordeiro
do holocausto; mas será que Ele também sabia quão terrível seria quando o Pai –
nas horas do Seu sofrimento e da Sua morte – teria que abandoná-lO? Bem, não o
sabemos, e também nunca teremos uma resposta definitiva para essa questão aqui
na terra. Uma coisa, porém, é segura: as horas do Calvário realmente foram as
mais difíceis e solitárias pelas quais ninguém na terra jamais passou; e o
Filho do Homem, Jesus Cristo, as sofreu.
O alto objetivo dos sofrimentos de Jesus
Por que o Senhor da Glória teve que sofrer de forma tão extrema?
Para redimir muitas e muitas pessoas escravizadas! Oh! quão maravilhosamente
esse objetivo dos sofrimentos de Jesus é descrito no livro do profeta Isaías: "...quando der ele a sua alma
como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade... com o seu conhecimento,
justificará a muitos... Por isso eu lhe darei muitos como a sua parte..."
(Is 53.10b,11b,12a). Glorioso,
não é mesmo?! E até hoje são acrescentados diariamente novos justificados à Sua
posteridade. Mas tudo começou nessa terrível cruz solitária. Quanto mais se
agravava Seu caminho de morte, quanto mais profundamente Jesus entrava em dores
e sofrimentos, maior e mais real se tornava o fato de que assim o caminho ao
reino dos céus estava sendo aberto para a Humanidade. A cada hora de dores se
aproximava a grandiosa vitória de Jesus, a porta da graça se abria cada vez
mais.
Vejamos essa gloriosa verdade em relação à parábola de Jesus
sobre os trabalhadores na vinha. Nela nos é mostrado maravilhosamente, de forma
figurada, o processo que Jesus enfrentou na cruz – quanto mais horas de dores,
mais próxima e maior a vitória. Leiamos a primeira parte dessa parábola: "Porque o reino dos céus é
semelhante a um dono de casa que saiu de madrugada para assalariar
trabalhadores para a sua vinha. E, tendo ajustado com os trabalhadores a um
denário por dia, mandou-os para a vinha. Saindo pela terceira hora viu, na praça,
outros que estavam desocupados, e disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e
vos darei o que for justo. Eles foram. Tendo saído outra vez perto da hora
sexta e da nona, procedeu da mesma forma, e, saindo por volta da hora undécima,
encontrou outros que estavam desocupados, e perguntou-lhes: Por que estivestes
aqui desocupados o dia todo? Responderam-lhe: Porque ninguém nos contratou.
Então lhes disse ele: Ide também vós para a vinha" (Mt 20.1-7).
Essa parábola aponta maravilhosamente para o reino celestial e
para todos que estarão nele algum dia. Ela nos mostra também que não faz
diferença se alguém encontra cedo o caminho ou se chega somente à hora
undécima. O que importa é que muitos venham! Não vamos nos ater agora na
parábola em si, mas extrair dela maravilhosos paralelos sobre os acontecimentos
do Calvário.
1 – Quando começou o
verdadeiro caminho de morte de nosso Senhor? Não me refiro ao caminho de sofrimentos
em geral, que já começou na manjedoura em Belém, mas ao caminho de morte e
crucificação em si, através do qual Ele, como Deus, o disse através do profeta
Isaías, geraria uma posteridade, ou seja, justificaria a muitos. Quando começou
esse caminho da cruz? Lemos em Marcos 15.1: "Logo
pela manhã entraram em conselho os principais sacerdotes com os anciãos,
escribas e todo o Sinédrio; e, amarrando a Jesus, levaram-no e o entregaram a
Pilatos." E quando o
dono da casa, na parábola citada, começou a enviar trabalhadores para sua
vinha, isto é, quando o Rei do reino dos céus começou a chamar Sua posteridade
para Seu reino? Também cedo de manhã: "Porque
o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a
sua vinha" (Mt 20.1).
2 – Quando, exatamente,
Jesus foi crucificado? À hora terceira (nove horas da manhã): "Era a hora terceira quando o
crucificaram" (Mc 15.25). E
quando os próximos trabalhadores foram enviados para a vinha, isto é, quando o
Rei do reino dos céus chamou os seguintes da Sua posteridade para Seu reino? À
terceira hora (às nove horas da manhã): "Saindo
pela terceira hora viu, na praça, outros que estavam desocupados, e disse-lhes:
Ide vós também para a vinha, e vos darei o que for justo" (Mt 20.3-4).
3 – Quando se abateram as
terríveis trevas sobre toda a terra? À hora sexta (às doze horas): "Chegada a hora sexta, houve
trevas sobre toda a terra, até a hora nona" (Mc 15.33). E quando os trabalhadores seguintes
foram chamados para a vinha, ou seja, quando foram novamente chamados outros à
posteridade no reino dos céus? À hora sexta (ao meio-dia): "Tendo saído outra vez perto
da hora sexta..., procedeu da mesma forma" (Mt 20.5).
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