O calvário
2ª Parte.
– O ateu David Hume gritou por ocasião de sua morte: "Estou
nas chamas!"
– A morte de Voltaire, o famoso zombador, deve ter sido tão
terrível que sua enfermeira disse depois: "Por todo o dinheiro da Europa,
eu não gostaria mais de ver um ateu morrer!"
– Hobbes, um filósofo inglês, disse pouco antes de sua morte:
"Estou diante de um terrível salto nas trevas."
– Goethe exclamou: "Mais luz!"
– Churchill morreu com as palavras: "Que tolo fui!"
Bastam esses poucos exemplos para nos mostrar claramente o que
significa morrer como pecador. E Jesus experimentou esse tipo de morte, apesar
de Ele mesmo – que isso fique bem claro – ser e continuar sendo absolutamente
sem pecado. Ele experimentou uma morte tão pavorosa porque na cruz Ele tomou
sobre Seu próprio corpo todos os pecados de todos os homens de todos os tempos.
Pedro diz em sua primeira epístola: "carregando
ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós,
mortos aos pecados, vivamos para a justiça" (1 Pe 2.24a). Quando Jesus morreu a morte do
pecador, realmente o céu ficou fechado, o Pai desviou o olhar, o Eterno se
afastou; e Ele, o Filho, ficou dependurado, só e abandonado, na cruz. Que ondas
pavorosas do inferno devem ter se abatido sobre Ele. No Salmo 22 os sofrimentos
de Jesus naquelas horas horrorosas são descritos de modo amedrontador, bem
detalhado e claro: "Muitos
touros me cercam, fortes touros de Basã me rodeiam. Contra mim abrem as bocas,
como faz o leão que despedaça e ruge. Derramei-me como água, e todos os meus
ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se-me dentro de
mim. Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega ao céu
da boca; assim me deitas no pó da morte. Cães me cercam; uma súcia de
malfeitores me rodeia; traspassaram-me as mãos e os pés. Posso contar todos os
meus ossos; eles me estão olhando e encarando em mim" (vv. 12-17).
Meu irmão, minha irmã, como isso deve ter sido terrivelmente
difícil para Jesus Cristo! Não é de admirar, pois, que de repente tenha partido
de Seu coração ferido este grito: "...Deus
meu, Deus meu, por que me desamparaste?" Esse foi o grito de um homem que caiu
num profundo abismo, e cujo coração estava completamente dilacerado.
É interessante lembrar que até então Jesus nunca havia sido
abandonado pelo Pai. E agora, na cruz – Ele não somente foi abandonado pelo
Pai, mas também estava cercado pelos poderes do inferno. Não, até então o Pai
nunca O havia abandonado; pelo contrário –o Pai esteve constantemente nEle. Por
exemplo, Jesus disse: "Quem
me vê a mim, vê o Pai" (Jo 14.9b). E
em João 11.41b lemos: "Jesus,
levantando os olhos para o céu, disse: Pai..."Portanto, até essa hora
tinha havido completa harmonia entre Ele e o Pai. E Jesus se alegrou por essa
harmonia, e testemunhou dela, por exemplo, com as palavras:
– "...porque
não sou eu só, porém eu e aquele que me enviou" (Jo 8.16).
– "E
aquele que me enviou está comigo, não me deixou só..." (Jo 8.29b).
– "Eu e o
Pai somos um" (Jo 10.30).
– "...para
que possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai"
(Jo 10.38b).
Que maravilhosas palavras! Mas, exatamente por isso foi muito
mais duro e trágico o contraste entre elas e as horas na cruz. Oh! que caminho
Jesus teve que seguir! E, por quê? Para redimir a você e a mim; pois nós
deveríamos ter estado ali na cruz!
Talvez agora compreendamos um pouco melhor o profundo abismo dos
sofrimentos do Cordeiro de Deus; talvez sejamos capazes agora de participar um
pouco dos Seus sentimentos, do que Ele passou. Mesmo assim, uma ou outra pessoa
poderá perguntar:
Jesus não sabia que tudo seria assim?
Ele falou várias vezes a respeito aos Seus discípulos. Lemos,
por exemplo, em Mateus 16.21:"Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a
mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer
muitas cousas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto,
e ressuscitado no terceiro dia." Aqui
Ele falou claramente que ainda teria que "sofrer
muitas cousas". Além
disso, havia muitas profecias do Antigo Testamento que apontavam com clareza
assustadora para esses acontecimentos; e Jesus conhecia todas essas palavras da
Escritura. Portanto, certamente Ele sabia de tudo. Apesar de que jamais
poderemos responder a essa pergunta definitivamente, hoje vou tentar – com todo
respeito ao Cordeiro de Deus – dar uma resposta bem superficial. Jesus Cristo –
apesar do fato de ser o Filho de Deus e de todas as coisas serem manifestas
perante Ele – talvez não soubesse de uma coisa: quão terrível seria a separação
entre Ele e o Pai; quão horroroso seria ser abandonado pelo Pai! Pois, repito:
Ele nunca antes havia ficado sem o Pai – muito menos sido abandonado pelo Pai. (continua)
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