P-I
Com base numa
historia verdadeira,compartilhando.
Quando já os últimos raios de sol da
tarde daquele dia incidiam sobre a paisagem da selva africana que nos envolvia,
um súbito pressentimento de grande solidão se espalhou por toda a região.
Contudo, bem maior que a monotonia do ermo era a percepção de que alguma coisa
poderia acontecer a qualquer momento – alguma coisa de natureza misteriosa ou
sinistra. Tanto mais que Matt e Lora Higgins se encontravam mesmo no coração do
país dos Mau Maus, fora da cidade Nairóbi.
Portanto, era bem de admitir que
qualquer coisa poderia – como alias sucedia com muita freqüência – acontecer.
A verdade é que, nesta mesma área, o
homem branco havia sido brutalmente assassinado em tempos passados. Cristãos
nativos tinham perdido por ali suas vidas. Certa vez, um deles desapareceu
durante a noite e, quando os missionários acordaram na manhã do dia seguinte,
encontraram o corpo daquele homem cortado em pedaços e espalhado na encosta da
colina. Desde que um africano tenha feito o hediondo juramento dum Mau Maus ele
se torna um ladrão sem escrúpulos, um animal que corre através dos acampamentos
de vagabundos da mais baixa depravação humana.
Matt franziu as sobrancelhas quando o
motor do “Land Rover” fez um ruído estranho. Um momento depois espirrou com
violência, parou imediatamente, e o veiculo foi perdendo gradualmente a
velocidade ate que ficou imóvel. Então Matt inclinou-se para trás, e afastou
sobre a cabeça o capacete contra o sol, o suficiente para passar os dedos sobre
seus cabelos dourados, ligeiramente umedecidos.
“Bem
Matt, iremos nós ficar aqui sentados?”. Observou Lora sorridente. “Repara que Nairóbi
fica ainda a mais de trinta quilômetros!”
Aquele homem alto, de cabelo louro,
soltou uma gargalhada agradável, mas ao mesmo tempo, num tom mais estranho. Em
seguida aproximou-se um pouco mais, beijou-a rapidamente e disse: “Creio que
seja coisa de pequena importância. Irei averiguar, querida.”
Dez minutos de pesquisa se passaram,
debruçado sob a capota do veiculo, sem que contudo a causa do problema viesse à
luz. Repetidas vezes Matt pôs o motor a trabalhar, sem que contudo conseguisse.
Sombras escuras já caíam sobre as ervas altas, e os últimos raios solares,
enfraquecidos desapareciam rapidamente abaixo do horizonte! Lora começava a
sentir medo. Muito embora Matt procurasse ocultá-lo, o seu próprio coração
pulsava fortemente dentre si. “Vamos passar a noite aqui na terra dos Mau
Maus”, compreendia ele, “Sem alguns guias nativos!” Um tal pensamento era
demasiado apavorante.
Depois de mais algumas tentativas,
Matt, com um olhar de resignação, disse: “É pena, querida, mas não há nada a
fazer. Mesmo que eu conseguisse descobrir a avaria, já não teríamos luz
suficiente para proceder à reparação.”
Ao ouvir estas palavras, os olhos dela
tornaram-se um tanto melancólicos mas ao mesmo tempo luminosos. Então observou:
“Quer dizer – sim, quer dizer que temos que passar a noite aqui?”
Matt mordeu o lábio inferior e disse:
“Eu também não gosto que assim aconteça, Lora, mas não podemos fazer nada!”
Depois pensou durante alguns momentos e acrescentou: “Estou a entender que este
é o tempo em que devemos lembrar-nos de que Deus disse: “Em paz também me
deitarei, e dormirei, porque só tu Senhor, me fazes habitar em segurança”
(Salmos 4:8). Portanto, cabe-nos agora pô-lo à prova, Lora, e eu creio que Ele
significa aquilo que tem mesmo dito na Sua Palavra!”
Lora ficou quieta e calada a olhar para
ele durante longo tempo, até que por fim acenou vagarosamente com a cabeça e
deixou sair por entre os lábios: “Sim, também creio da mesma maneira.”
Entretanto a escuridão cobriu a terra.
Executando o soar ocasional da tromba dum elefante ou um guinchar dum macaco, o
silencio veio também. Foi uma experiência misteriosamente estranha. Matt e Lora
leram a Bíblia à luz duma lanterna elétrica e, depois de se terem entregue aos
cuidados de Deus, adormeceram.
Quando a manhã despontou, clara e
brilhante, acordaram e agradeceram a Deus pelo repouso e proteção que lhes
concedera durante a noite. Matt conseguiu finalmente descobrir a avaria do
motor de seu “Land Rover” e pôde proceder à respectiva reparação. Deste modo,
conseguiram chegar a Nairóbi mais ou menos a meio da manhã, e Lora começou a
preparar as malas para suas férias nos Estados Unidos.
Mais tarde, ainda em Nairóbi, na
véspera da viagem que os levaria à sua Pátria, um pastor nativo veio
visitá-los. Este homem de Deus mostrava-lhes um sorriso caloroso, mas ao mesmo
tempo estranho. A dada altura declarou-lhes: “Tenho alguma coisa que
necessitais saber.” (Continua)
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